Organismos Geneticamente Modificados( OGMs)
Com o desenvolvimento do mundo e das populações, criou-se e desenvolveu-se em 1945 a indústria agro-alimentar. Sabe-se, hoje em dia, que 3/4 dos produtos alimentares consumidos nos países desenvolvidos têm origem na transformação industrial. Terá sido também por volta desta altura que se descobriram as moléculas da hereditariedade. Ora, os avanços na engenharia genética aliados ao desenvolvimento da indústria agro-alimentar, resultaram no primeiro alimento transgénico em 1994 – o tomate com a propriedade de ter um amadurecimento retardado.
Segundo a União Europeia, “Organismo Geneticamente Modificado (OMG)” é qualquer organismo cujo material genético (ADN) tenha sido modificado de uma forma que não ocorre naturalmente. As células têm os seus cromossomas, os quais por sua vez têm zonas que determinam as características de qualquer organismo - os genes. Essas características são determinadas pelo arranjo molecular que está dentro do cromossoma. Esta tecnologia é por vezes designada por “biotecnologia moderna” ou “engenharia genética” e permite a transferência de genes individuais seleccionados de um organismo para outro, inclusivé entre espécies não-relacionadas. Estes métodos dão origem a plantas geneticamente modificadas que, por sua vez, são utilizadas para o crescimento das culturas geneticamente modificados (GM).
Desde os anos 50, quando se começou a conhecer a base biológica e bioquímica da genética, tem-se procurado localizar os genes que determinam as características dos animais e das plantas. Por exemplo, os genes que determinam a cor dos olhos nas pessoas, ou as características das uvas, ou ainda, os genes que determinam as doenças. No entanto, hoje em dia, o processo para se obter organismos transgénicos é bem diferente. O que se consegue hoje, através da engenharia genética, é modificar ADN substituindo sequências desta molécula de um organismo por sequências do ADN doutro organismo. Sob o ponto de vista daquelas características, obtém-se um terceiro organismo. O objetivo é chegar a um organismo cujas características interessem ao produtor, por exemplo um cereal resistente aos vírus, insetos e herbicidas. Os OGMs são, de fato, formas de vida novas.
Quais as vantagens pensadas que levaram à criação de alimentos GM?
- Resistência às pestes: o cultivo de plantas GM irá ajudar a eliminar a utilização de pesticidas químicos e a reduzir o tempo e custo de trazer os alimentos ao mercado.
- Tolerância aos Herbicidas: as plantas GM são sensíveis a somente um herbicida potente( normalmente da mesma empresa...). Supostamente será necessário uma única aplicação deste herbicida reduzindo assim os custos de produção.
- Resistência a doença: resistência a doenças provocadas por um virus, um fungo ou uma bactéria nestas plantas.
- Tolerância ao frio: as plantas GM conseguem tolerar as baixas temperaturas que em condições normais não lhe permitiriam a sobrevivência.
- Tolerância às secas / tolerância a salinidade: em zonas com menos terreno disponível para cultivar, as plantas GM poderiam ser cultivadas em terrenos antes considerados impróprios.
- Nutrição: o cultivo de alimentos enriquecidos com vitaminas e minerais especialmente em zonas de pobreza generalizada.
- Vacinação: possibilidade de cultivar plantas GM que funcionariam como vacinas comestíveis ( por exemplo tomates e batatas).
Quais os argumentos contra os alimentos GM?
Estes estão divididos em três áreas nomeadamente perigos ambientais, risco para a saúde pública e preocupações económicas:
Perigos ambientais
- Danos não intencionais a outros organismos: o pólen das plantas GM pode conter toxinas que matam insetos naquela cultivação e noutros à volta. Neste momento, este assunto ainda está sob discussão com novos estudos sob avaliação.
- Eficácia reduzida de pesticidas: existe a preocupação que os insetos ficarão resistentes às plantas GM e aos pesticidas criados especificamente para estas plantas.
- Transferência de genes para espécies não-alvo: outra preocupação é a transferência de genes tolerantes aos herbicidas das plantas GM para as ervas daninhas tornando-as “ super ervas daninhas”.
Risco para a saúde pública
- Alergenicidade: existe a possibilidade de ao introduzir um novo gene numa planta, esta possa vir a criar um novo alergeno ou causar uma reação alérgica ( por vezes de risco-de-vida) em indivíduos susceptíveis. Um exemplo disto é a soja obtida com transferência genética da castanha do Pará. Foi demonstrado que uma parte das pessoas alérgicas à castanha do Pará passa a ser alérgica também à soja transgénica.
- Resistência a antibióticos:Utilizam-se genes de resistência a antibióticos de forma a facilitar as técnicas de transferência e o resultado é que as células desses alimentos passarão a ter essa informação genética e que posteriormente acabarão no nosso prato.
- efeitos desconhecidos na saúde humana: uma das mais importantes preocupações é o fato de ao estarmos a introduzir genes alheios nas plantas, estes possam vir a ter um impacto inesperado e negativo na saúde humana. Um efeito secundário dos OGM’s poderá ser a criação de novas toxinas.
Preocupações económicas
A entrada de alimentos GM para o mercado é um processo lento e caro e as empresas de biotecnologia querem obviamente assegurar um retorno do investimento. Muita da tecnologia, bem como as plantas GM, foram patenteadas. Isto pode fazer com que as sementes das plantas GM fiquem a preços inacessíveis aos pequenos agricultores e aos países do terceiro mundo.
Existe também a situação da polinização cruzada e o cultivo involuntário de plantas GM por agricultores que posteriormente venham a ser alvos de processos por “violação” de patente. Esta situação irá arruinar os pequenos agricultores.
Os OGM’s, como o milho, a soja e o tomate, que já constituem a maior parte das plantações destes alimentos nos EUA, podem constituir uma verdadeira praga para as variedades tradicionais sem modificação genética, eliminando-as por competição.
A situação em Portugal
Organismos Geneticamente Modificados e Transgénicos em Portugal são uma realidade e uma grande parte da população não sabe do que se trata, dos seus efeitos e origens.
A cultura de milho geneticamente modificado registou, em 2011, um crescimento significativo em Portugal, cobrindo uma área de 7 724 hectares, mais 59% face à superfície plantada em 2010, cerca de 4 900 hectares, revela um estudo elaborado pelo Ministério da Agricultura.
Caso queira saber exemplos de alimentos contendo transgénicos à venda em Portugal, sugerimos este link:
http://stopogm.net/conteudo/ogm-venda-lojas-e-supermercados
Apesar de poderem vislumbrar algumas vantagens teóricas, como acabar com a fome no mundo ou menor utilização de herbicidas, discutíveis também, os riscos para a saúde são sérios. Por precaução, entende-se que não se deve arriscar a adoção de medidas e consumos sobre os quais há ainda dúvidas e muito a esclarecer. Se fizermos o contrário, o arrependimento pode não servir de nada.